No universo do candomblé, uma questão que frequentemente surge é a possibilidade de mudança na qualidade do orixá de um indivíduo após a iniciação. Esta discussão levanta dúvidas e incertezas: será correto realizar tal mudança? E, em caso afirmativo, como proceder? Este artigo busca esclarecer essas questões, utilizando-se da analogia do orixá como um remédio essencial para a vida, cuja adequação pode garantir uma existência mais positiva e plena.

Inicialmente, é importante compreender que a iniciação em uma determinada qualidade de orixá visa suprir as necessidades espirituais e energéticas do iniciado, proporcionando-lhe um caminho de prosperidade e bem-estar. Entretanto, pode acontecer de, após a iniciação, através de uma consulta ao oráculo (jogo de búzios), ser revelado que o indivíduo deveria ter sido iniciado em outra qualidade de orixá. Essa situação levanta a questão: o que fazer nesse caso?

Segundo as tradições, não existe uma resposta certa ou errada para essa questão, mas sim o que é mais adequado para a vida e o caminho espiritual do indivíduo. A mudança de qualidade do orixá pode ser comparada à prescrição de um medicamento por um médico: assim como um profissional de saúde pode ajustar a medicação para melhor atender às necessidades do paciente, o oráculo pode indicar a necessidade de ajustar a qualidade do orixá iniciado para alinhar melhor as energias com as necessidades espirituais da pessoa.

Em alguns casos, a mudança pode envolver simplesmente realizar um ritual específico (Igbá) para a nova qualidade de orixá, enquanto em outros, pode ser necessário um processo mais complexo de adequação, incluindo ajustes nos elementais que compõem a alquimia espiritual do indivíduo. O mais importante é seguir as orientações do oráculo, que visa o bem-estar e o equilíbrio do iniciado.