Me iniciei no Candomblé e minha vida acabou

A jornada de iniciação no Candomblé é uma experiência profunda e transformadora, mas nem sempre os resultados são como muitos esperam. No canal Historiando Axé, Tom Oloorê aborda um comentário deixado por Rafael Lima, que relatou a experiência de uma amiga cuja vida profissional e saúde pioraram após a iniciação para Omolu. Este artigo visa explorar essa questão complexa e oferecer uma visão mais ampla sobre o papel dos orixás e dos sacerdotes no Candomblé.

O Candomblé e a Culpabilização dos Orixás
Um dos pontos centrais levantados por Tom Oloorê é a tendência de culpabilizar os orixás pelos infortúnios pessoais. Essa visão errônea é comparada à prática comum entre alguns cristãos de atribuir seus problemas ao diabo. No entanto, nas religiões de matriz africana, o conceito de divindade é diferente. Os orixás representam forças equilibradoras que ajudam a manter uma vida digna e justa. Portanto, atribuir a culpa ao orixá pelos problemas pessoais desvirtua a verdadeira natureza desses seres espirituais.

O Papel dos Sacerdotes e da Iniciação
Ao discutir a iniciação para Omolu, Tom Oloorê destaca que o sacerdote, ao recomendar essa iniciação, provavelmente viu, através do oráculo, a necessidade da pessoa em receber a energia e o axé deste orixá para enfrentar desafios relacionados à saúde. A vida é cheia de altos e baixos, e a iniciação não é uma garantia de ausência de problemas, mas sim uma forma de buscar equilíbrio e proteção.

O Sacerdote é Infalível?
É crucial entender que os sacerdotes também são humanos e, como tais, estão sujeitos a erros e limitações. Julgar se houve um erro na condução da iniciação sem conhecer todos os detalhes seria imprudente. Tom enfatiza a importância de não responsabilizar cegamente o sacerdote pelos infortúnios que surgem após a iniciação, pois isso ignora a complexidade da vida e a própria natureza dos rituais do Candomblé.

Fé, Dedicação e Ação
A transformação proporcionada pelo Candomblé não é mágica, mas um processo que exige fé, dedicação e ação contínua. A manutenção do culto ao orixá não depende apenas dos rituais realizados pelo sacerdote, mas também da devoção pessoal. Tom Oloorê ressalta que é essencial participar ativamente da comunidade de candomblé, cultivar o amor e a fé no orixá, e buscar sempre a orientação adequada.

Buscando Respostas
Se houver dúvidas ou desconfianças sobre o processo de iniciação, é recomendável buscar um novo jogo de búzios ou consultar outro sacerdote de confiança. É importante lembrar que o Candomblé é uma religião complexa e multifacetada, e às vezes a percepção de que algo está errado pode ser resultado de uma falta de compreensão completa do processo espiritual.

*Reflexão Final*
Concluindo, a jornada no Candomblé é pessoal e única para cada indivíduo. Não existe uma resposta simples para as dificuldades enfrentadas após a iniciação. É fundamental abordar essas questões com uma mente aberta e disposta a dialogar, sem transferir culpas ou expectativas irreais. A fé no orixá, a dedicação ao culto e o entendimento profundo da religião são os pilares para superar os desafios e alcançar uma vida equilibrada.