Do Sincretismo à Autonomia: O Futuro do Candomblé no Contexto Religioso Brasileiro

O sincretismo religioso foi uma prática difundida durante o período colonial do Brasil. Durante esse tempo, os africanos escravizados foram compelidos a adotar práticas religiosas cristãs, como o catolicismo, como uma forma de integração forçada na sociedade. No entanto, é crucial questionar se essa questão ainda está sendo discutida adequadamente nos dias de hoje.

É notável que membros da religião do candomblé estejam buscando, por meio da lei, o direito de participar das atividades da igreja católica, inclusive levando seus iniciados, conhecidos como iyawos, para participar dos rituais. Mas será que essa prática é apropriada para os tempos atuais? Vamos explorar esse tema mais profundamente.

A prática de levar os iyawos à igreja para receber sacramentos, como a eucaristia e a bênção do padre, após sua iniciação, é um exemplo de sincretismo religioso entre o candomblé e o catolicismo. Embora isso fosse comum no passado, muitos praticantes contemporâneos, como eu, questionam a validade dessa prática.

No passado, essa era uma estratégia de sobrevivência, onde os adeptos do candomblé frequentavam a igreja para esconder suas verdadeiras crenças, enquanto praticavam sua fé em segredo. No entanto, hoje em dia, essa prática levanta questões fundamentais sobre a identidade e autonomia religiosa.

O candomblé e o catolicismo são tradições religiosas distintas, com suas próprias visões de mundo, crenças e rituais. Manter a prática do sincretismo hoje em dia não é apropriado, pois isso dilui a identidade e integridade do candomblé. Além disso, a história do candomblé é marcada por perseguição por parte das religiões judaico-cristãs, o que torna ainda mais questionável a ideia de sincronizar essas práticas religiosas.

A iniciação no candomblé não requer bênçãos da igreja católica ou participação em seus rituais. O candomblé é uma tradição religiosa autônoma que não deve ser subordinada a nenhuma outra prática religiosa. É importante compreender e respeitar as diferenças culturais e religiosas, buscando promover uma abordagem autêntica e independente.

Os praticantes do candomblé devem se distanciar do sincretismo religioso e buscar uma conexão mais profunda com suas raízes africanas. Isso implica questionar as práticas sincréticas e abandoná-las, recusando-se a manter uma submissão ao catolicismo que historicamente oprimiu essa tradição religiosa.

Portanto, é crucial que cada sacerdote do candomblé se comprometa a preservar e fortalecer a identidade e a autonomia dessa tradição religiosa, afastando-se de qualquer forma de sincretismo religioso com o catolicismo. É hora de acabar de uma vez por todas com a subserviência à Igreja Católica e promover uma prática religiosa mais autêntica e independente.