Dentro dos terreiros de Candomblé, é comum encontrar as emblemáticas bandeiras brancas. Mas para qual divindade elas são dedicadas? E por que são utilizadas? Essas são algumas das questões que vamos abordar nesta conversa.

A bandeira branca é uma marca distintiva dos terreiros de Angola, especialmente associada ao Inquice Kitembu. Uma história mitológica relata que, em tempos de dificuldade, uma tribo consultou o oráculo e recebeu a orientação de fazer uma oferenda ao Nkisi Kitembu e erguer uma bandeira branca. O movimento da bandeira indicaria a direção para onde a tribo deveria se dirigir, e seguindo essa orientação, encontraram prosperidade novamente.

Mas e as casas de Candomblé que não são de nação Angola? Por que algumas delas também possuem bandeiras brancas? A resposta reside na diversidade e na adaptação do culto.

Em muitos terreiros, especialmente os de nação Ketu ou Nagô, a bandeira branca está associada a Oxalá ou Obatalá, representando paz, pureza e a proteção divina. É interessante notar que essas bandeiras também podem ter servido como símbolos de identificação para os terreiros, especialmente quando eram ocultados em áreas remotas.

Embora as bandeiras brancas sejam predominantes nos terreiros de Angola e Queto, é importante ressaltar que nem todos os terreiros seguem essa tradição. Cada casa tem suas próprias práticas e símbolos sagrados, refletindo a diversidade e a riqueza do Candomblé.

Além disso, é válido mencionar que, em alguns casos, ocorrem adaptações e misturas de tradições. Por exemplo, há relatos de terreiros de Umbanda que adotam elementos do Candomblé Angola, incluindo o uso da bandeira branca. No entanto, tais práticas podem ser controversas e requerem um profundo entendimento das tradições envolvidas.

No fim, o importante é compreender que as bandeiras nas roças de Candomblé são muito mais do que simples ornamentos. Elas carregam consigo séculos de história, tradição e espiritualidade, representando a conexão entre os devotos e suas divindades. Cada bandeira é um símbolo de fé, respeito e devoção, enriquecendo o rico universo do Candomblé.