Terreiro só serve para te fazer de escravo e roubar dinheiro

Muitas vozes têm se levantado para questionar a dinâmica financeira dos terreiros de Candomblé, afirmando que servem apenas para escravizar e extrair dinheiro dos fiéis. Mas será que essa afirmação é fundamentada? É justo reduzir o papel do terreiro apenas a isso? Vamos explorar esse tema hoje.

Para começar, é importante reconhecer que o culto aos orixás no Candomblé envolve custos significativos. Os materiais necessários, muitas vezes de origem africana, são cada vez mais caros devido à busca por autenticidade e originalidade. Elementos como estátuas, roupas e adornos africanizados contribuem para o aumento dos gastos.

No entanto, é injusto caracterizar os membros e sacerdotes dos terreiros como exploradores financeiros. A manutenção e funcionamento de um terreiro exigem recursos financeiros consideráveis, tanto para aspectos litúrgicos quanto para a infraestrutura física. Desde a manutenção do espaço até a realização de rituais, tudo demanda investimento financeiro.

É crucial entender que os próprios membros do terreiro são os principais financiadores dessa estrutura. Desde o Babalorixá até os fiéis, todos contribuem financeiramente para garantir o funcionamento do terreiro e a celebração das tradições religiosas. O dinheiro investido não apenas mantém o espaço, mas também promove seu crescimento e expansão.

É verdade que algumas críticas surgem em relação ao compartilhamento desses custos. Alguns podem abusar dessa dinâmica para benefício próprio, enriquecendo às custas da comunidade religiosa. No entanto, é importante não generalizar. Cada terreiro é único em sua gestão financeira, e nem todos os líderes religiosos agem de forma desonesta.

Além disso, devemos considerar o papel da comunidade religiosa na manutenção do terreiro. A participação ativa dos membros é essencial para o funcionamento e preservação das tradições. Esperar facilidades sem contribuir para o esforço coletivo é injusto e contradiz o espírito comunitário do Candomblé.

É fundamental também não perder de vista as origens humildes do Candomblé. Essa religião, enraizada na cultura afro-brasileira, tem suas raízes nas comunidades mais pobres e marginalizadas. Portanto, é essencial garantir que o custo de participação não exclua aqueles que historicamente foram os guardiões dessas tradições.

Em resumo, o Candomblé não é caro por si só, mas sim devido à busca por autenticidade e ao crescimento das celebrações religiosas. Os custos envolvidos refletem a dedicação e o compromisso dos membros em preservar suas tradições. Em vez de generalizar e criticar, é importante reconhecer o valor cultural e espiritual dessas práticas e apoiar as comunidades religiosas em suas jornadas.