O Orixá Exu tem sido frequentemente mal compreendido ao longo dos séculos, principalmente devido à aculturação religiosa que ocorreu durante o século 19. Muitas vezes, ele foi erroneamente associado à figura do diabo cristão, o que é uma injustiça. Hoje, vamos esclarecer quem é realmente o Orixá Exu e desfazer esses equívocos que o rodeiam.

Como babalorixá do Liberty Mall, sou profundamente apaixonada por história, filosofia e pela rica cultura afro-brasileira. Exu, originalmente, era um bom ministro de Olodumare, o mensageiro divino responsável por transmitir informações entre o mundo terreno e o divino. Ele desempenha um papel crucial como o intermediário entre Olodumare e os seres humanos, levando nossos pedidos e desejos aos orixás e trazendo suas mensagens de volta para nós.

Além disso, Exu atua como o inspetor geral de Olodumare, garantindo que as leis divinas sejam cumpridas e a justiça seja mantida no mundo. Ele não é o mal encarnado, como muitas vezes foi erroneamente retratado. Pelo contrário, é um dos principais ministros de Olodumare, promovendo a paz e a ordem.

É importante destacar que Exu não reside no inferno nem lidera uma legião de demônios, conceitos que não têm lugar nas religiões de matriz africana, como o Candomblé. Ele não é dotado de chifres, ao contrário, sua cabeça é descrita como afiada, simbolizando sua capacidade de discernimento e justiça.

A associação de Exu com o diabo cristão começou durante o período colonial, quando teólogos cristãos buscavam converter os povos africanos ao cristianismo. Utilizaram-se de elementos da cultura africana, como Exu, para representar conceitos cristãos, como o diabo. Essa tradução equivocada persistiu por anos, mas é hora de corrigir esse erro.

Na África, inclusive, houve uma campanha para mudar a visão distorcida de Exu, enfatizando sua importância como o justo juiz e mensageiro divino. Ele não é uma entidade a ser despachada ou temida, mas sim honrada e respeitada dentro do Candomblé.

É essencial compreender a verdadeira natureza de Exu e sua relevância dentro da cultura religiosa afro-brasileira. Ele não é o mal personificado, mas sim um divino mensageiro e guardião da justiça. É hora de reconhecer e celebrar a importância de Exu em nosso culto, deixando de lado os equívocos do passado.

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